Crescente adoção de criptomoedas e tendências de negociação na América Latina
Data: 16.04.2024
A América Latina, assim como a região MENA, viu um aumento significativo na adoção de criptomoedas. Mas quais fatores estão impulsionando esse crescimento e o que o futuro pode reservar? Entre julho de 2021 e junho de 2022, cidadãos sul-americanos transacionaram US$ 562.0 bilhões em criptomoedas. A região ficou em sétimo lugar no índice de adoção de criptomoedas do Fundo Monetário Internacional (FMI) deste ano, representando um aumento de 40% em relação ao ano anterior. Notavelmente, cinco países latino-americanos ficaram entre os 30 primeiros: Brasil (7º), Argentina (13º), Colômbia (15º), Equador (18º) e México (28º).

Principais impulsionadores da adoção de criptomoedas na América Latina

Os latino-americanos estão cada vez mais se voltando para Bitcoin e stablecoins para se protegerem da inflação. De acordo com dados do FMI, as taxas de inflação no Brasil, Peru, Chile, México e Colômbia ultrapassaram 12% em julho, a mais alta em 25 anos.

Um estudo recente destaca três fatores principais que influenciam a adoção de criptomoedas na região: proteger-se contra a inflação, facilitar as remessas e procurar retornos mais elevados através da diversificação.

O papel da criptomoeda nas remessas

As remessas, um fluxo financeiro crucial na América Latina, têm se deslocado cada vez mais para criptomoedas. Em 2022, o setor de remessas oficiais deverá atingir US$ 150 bilhões. Por exemplo, a plataforma de pagamento apoiada pelo governo de El Salvador, Chivo, facilitou US$ 52 milhões em transferências de Bitcoin de janeiro a maio de 2022, enquanto serviços de criptomoedas processaram bilhões em remessas para o México.

Combatendo a inflação com ativos digitais

A inflação nas cinco maiores economias da América do Sul — Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru — atingiu 8% em abril, uma alta de 15 anos, e subiu para 12.1% em agosto, um pico de 25 anos. Em nações como Venezuela e Argentina, a situação é ainda mais grave, com taxas de inflação de 114% e 79%, respectivamente.

Stablecoins, atreladas a moedas fiduciárias como o dólar americano, tornaram-se populares em regiões afetadas pela inflação. O Bitcoin, embora ainda não seja uma proteção comprovada contra a inflação, continua sendo amplamente utilizado. Uma pesquisa recente da Mastercard mostra que quase um terço dos consumidores latino-americanos agora usam stablecoins para transações diárias.

Explorando Altos Retornos

Nas nações mais desenvolvidas da América do Sul, muitos usuários de criptomoedas estão alavancando o Bitcoin e outros ativos digitais para fins especulativos, em vez de simplesmente como uma reserva de valor. As cinco principais economias latino-americanas têm uma classificação alta na adoção de finanças descentralizadas (DeFi), sugerindo um foco significativo em atividades como empréstimos, apostas e negociações por meio de protocolos descentralizados.

Os mercados movidos a DeFi da região se assemelham aos da Europa Ocidental e América do Norte, onde os participantes preferem plataformas descentralizadas de alto rendimento em vez de serviços centralizados e orientados para poupança. O Brasil lidera na adoção de DeFi, com investimentos especulativos dominando seu mercado de criptomoedas.

Thomaz Fortes, chefe de cripto do Nubank, uma das maiores plataformas financeiras digitais do mundo, observou que os clientes veem a cripto principalmente como um ativo especulativo para aumentar a renda. O Nubank, em colaboração com a Polygon, planeja lançar sua própria criptomoeda, a Nucoin, aprimorando ainda mais o ecossistema.